Participação na pesquisa

Convidamos a todos os interessados sobre o tema a participarem no blog enviando comentários sobre suas observações diárias ou eventuais, suas experiências com as árvores da cidade, deixando seu depoimento sobre preferências de espécies, fatos e momentos da vida ligados a esses elementos urbanos.

sábado, 10 de setembro de 2022

Deixando Saudades

 

Este post não é para mostrar nenhuma bela árvore da cidade, como de costume. Vamos apontar para a ausência de um belo exemplar de pau-brasil, que foi retirado da Rua Voluntários da Pátria. O desenho da rua como se encontra hoje é da época do projeto Rio Cidade, quando provavelmente a árvore deve ter sido plantada. Recentemente, passou a apresentar uma aparência debilitada, sem folhas e com ramos secos, culminando no seu corte.

Localizada à frente do Estação Net Rio, a árvore marcava a sua entrada, provendo sombra e ambientando o espaço como um hall de acesso ao tradicional cinema. A perda de uma árvore urbana é sempre um fato triste, por todas as contribuições que esse elemento vegetal traz à cidade. E neste caso, a supressão envolve um indivíduo de pau-brasil, espécie com forte carga simbólica, por ser a árvore que deu nome ao país.



Em outro post que fizemos sobre a espécie, ressaltamos que ela é um exemplo da sabedoria do povo nativo das terras brasileiras que se valia de seus atributos extraindo da madeira a substância para pintura de seus corpos. Destacamos ainda que pela importância simbólica e características de sua elegante morfologia, com tronco reto e copa generosa, deveria ser mais explorada no paisagismo urbano.

As fotos acima mostram a árvore já doente e o resto de seu tronco, que ali permaneceu durante alguns dias. Este caso alerta para o cuidado necessário de acompanhamento fitossanitário das árvores urbanas, tanto para que possam cumprir plenamente seu papel e permitir desenvolvimento pleno e em boas condições, como também prevenir quedas e acidentes. Não se entende também porque não foi replantada outra árvore no local, preferencialmente da mesma espécie, considerando inclusive que fazia parte de um projeto urbano. A caixa de árvore, aliás, foi inexplicavelmente cimentada! Vamos cobrar dos órgãos responsáveis por essa ausência e sua reposição!



sexta-feira, 24 de junho de 2022

Mais uma figurinha fácil...

 

Após a postagem sobre o Oiti, seguimos com árvores comuns da arborização da cidade, trazendo a Munguba para a apresentação no blog. A Pachira aquatica é uma árvore nativa da Região Amazônica, muito utilizada na arborização das cidades brasileiras. Apesar de ter como  habitat natural terrenos úmidos e inundáveis, ela apresenta adaptação a ambientes variados,  desenvolvendo-se bem no meio urbano.  

Possui sombra densa, que reforça seu interesse no uso paisagístico. Apesar de muito utilizada em arborização de ruas, apresenta o inconveniente do fruto grande e pesado. Este, aliás, tem formato semelhante ao fruto de outra árvore, sendo responsável por um dos nomes vulgares da planta: falso-cacau.

A Munguga pertence à família Malvaceae (antiga Bombacaceae), mesma de outras espécies bastante conhecidas no Rio de Janeiro, como as paineiras, presentes na arborização urbana e a sumaúma, com seu famoso exemplar do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

A sua floração, apesar de bela, é pouco chamativa, principalmente pelo tom creme de seus estames.  Em pequeno número e isoladas, como é comum acontecer, as flores ficam escondidas na profusão de sua  folhagem verde escura. Entretanto, quando a árvore está bastante florida, elas se destacam na copa. É o caso do exemplar que vemos nas fotos, localizado no Largo do Machado, no bairro do Catete.


A Munguba é fácil de ser encontrada na paisagem urbana do Rio de Janeiro, tendo sido utilizada desde os primórdios dos plantios urbanos da cidade. Segundo informações do PDAU – Plano Diretor de Arborização da Cidade do Rio de Janeiro, estimativas de inventários realizados indicam a Munguba como a terceira espécie arbórea mais frequente na arborização da cidade. Portanto, é só ficar atento ao caminhar pela cidade, que você certamente vai acabar passando por uma Munguba!



domingo, 3 de abril de 2022

Oiti - Árvore Urbana por Natureza

 Alguns seres são urbanos por natureza. Ou seja, mesmo que naturais em sua essência, apresentam caráter urbano, associados de maneira indelével à paisagem das cidades. Vamos citar um exemplo clássico: os pombos. São tão urbanos, que chega a ser difícil imagina-los em seu ecossistema natural. Eles estão fortemente ligados à imagem de diversos espaços públicos. Praças famosas como a San Marco, em Veneza, ou a Cinelândia, no Rio de Janeiro, como tantas outras pelo mundo, contam com a presença constante destes pequenos seres alados.  

Passando às árvores, que são o foco deste blog, atribuímos este título ao Oiti. No Rio de Janeiro, ela é bastante disseminada por ruas e praças, sendo uma das espécies mais frequentes. Os cariocas estão acostumados a vê-la incorporada plenamente à paisagem da cidade. Em Copacabana, sua ocorrência chega a ser de mais de 20% do total das espécies do bairro. O Oiti – Licania tomentosa – é natural da Floresta Atlântica do Nordeste e destaca-se por ser resistente às condições adversas do meio urbano, além de oferecer condição de equilíbrio entre seu grande porte, raízes pouco invasivas e folhas permanentes.


Paisagens históricas do Rio de Janeiro contam com a presença desta espécie, como é o caso da Avenida Rio Branco. Os Oitis foram plantados nos passeios laterais da Avenida Central, na época de sua abertura pelo Prefeito Pereira Passos, no início do século XX. O modelo de árvores de alinhamento, defendido pelos franceses em seus boulevards, foi fundamental na tarefa de instaurar os ares da Belle Époque, que inspiraram a Reforma Passos. Hoje, verticalizados pelas constantes podas, os Oitis da antiga Avenida Central ainda se destacam na paisagem.


Os oitis são também responsáveis pela criação de corredores verdes impactantes da cidade do Rio de Janeiro. A Rua Santa Clara é um belo exemplo. Ao passarmos pela rua, seja de carro ou caminhando pelas suas calçadas, um túnel verde emoldura a cena urbana e torna sua ambiência mais agradável climaticamente.


Vista de cima, da janela dos prédios da cidade, as copas dos Oitis criam um verdadeiro tapete verde, como nesta rua no bairro do Catete. 

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Império Que Vale Ouro

Nossa estrela do post de hoje traz em suas flores o amarelo que irradia a luz quente e vibrante do verão. Ela remete a ouro, não por seu valor monetário, mas pelo tom reluzente que reflete ao receber os raios solares amigos.  Esta característica faz carregar este elemento em seu nome popular – Chuva-de-ouro -, que indica também a profusão e intensidade de sua floração, formada por longos cachos pendentes que podem chegar a 30 centímetros.



Também conhecida como Cássia Imperial, a Cassia fistula possui a característica de queda das folhas, o que ressalta ainda mais a floração, pois ocorre na mesma época.  É originária da Ásia Tropical, tendo sido introduzida há muitos anos no Brasil. Há relatos de sua presença no país desde o século XIX. Isto explica porque é tão facilmente encontrada pelas ruas, praças e jardins privados do Rio de Janeiro.

É no verão, época de sua floração, que os exemplares da Chuva-de-ouro se destacam na paisagem. As fotos são de exemplar na Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, mas pode-se encontrar belos indivíduos em vários outros bairros da cidade.





segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Árvore do Brasil

O post de retomada de nosso blog não poderia ter uma espécie mais representativa da paisagem brasileira do que esta. As árvores apresentadas são exemplares jovens de pau-brasil (Caesalpinia echinata), que, apesar de sua pouca idade, já exibem intensa floração. Numa pequena e pouco arborizada rua do bairro do Estácio, dois indivíduos de pau-brasil se destacam numa cena urbana de poucos atrativos. 

O pau-brasil é uma espécie nativa da Mata Atlântica, que deu nome ao nosso país. Utilizada pelos índios como tintura para os corpos, foi explorada pelos portugueses quando aqui chegaram, identificando na sua abundância local e na substância colorante existente em sua lenha, uma oportunidade econômica. Além de símbolo do país, por carregar seu nome, o pau-brasil é um exemplo da sabedoria do povo nativo das terras brasileiras, aqui presente antes de sua “descoberta”, e da apropriação de seu conhecimento pelo colonizador, que lhe atribuiu, no entanto, caráter exploratório.


A pouca estatura das copas destes exemplares nos permite uma facilitada aproximação de suas lindas flores, que vemos em detalhe nas fotos. Além do tom avermelhado, responsável pela atribuição do seu nome que remete à brasa, seus troncos ainda exibem os tão característicos espinhos, que, nos exemplares adultos, costumam ser menos perceptíveis.




Aproveitamos este post para realizar um protesto duplo. O primeiro deles é que esta bela árvore da flora brasileira, símbolo potente de nosso país, seja mais frequentemente plantada nas ruas e praças da cidade. E o outro se direciona à necessidade de cuidado no plantio e planejamento da arborização urbana, fazendo com que as árvores sejam dispostas em condição segura para o seu pleno e saudável desenvolvimento.

Pela foto, podemos antever o problema gerado pela improvisação da infraestrutura urbana, fato não raro na cidade carioca. Sobre a tenra copa do pau-brasil, vê-se a fiação aérea, que, num futuro bem próximo, assim que a árvore se desenvolver um pouco mais, irá entrar em sério conflito com ela. O resultado deste embate, já sabemos, é a desfiguração da árvore, que sofrerá podas drásticas, descaracterizando-a num primeiro momento, evoluindo para a inviabilidade de sua permanência, por falta de condições mínimas de espaço para sua sobrevivência. Por outro lado, se a poda não for feita, implicará no risco de sérios acidentes. O gerenciamento, portanto, para evitar estes conflitos, e a implementação de um plano de arborização urbana, prevendo a sua compatibilização com outros elementos urbanos, é medida fundamental e urgente em nossa cidade. 


sexta-feira, 5 de junho de 2020

Árvore-Casa


Dentre os vários sentimentos provocados pela presença de uma árvore, o de abrigo e aconchego é certamente um dos mais fortes. Estar sob uma árvore frondosa pode nos fornecer a  sensação de proteção, de abrigo, assim como o que experimentamos no interior de um espaço seguro e que amamos, como a nossa casa. É a ideia de aconchego do ninho de que nos fala o filósofo francês Gaston Bachelard. A árvore em sua materialidade serve de apoio para os ninhos daquelas criaturinhas cantantes, os pássaros, que alegram a paisagem com seus sons musicais. Para nós, ela também é abrigo, abraçando-nos com seus ramos, amparando-nos com suas folhagens.




A árvore que trazemos para este post – Rosa da Mata - nos remete de forma intensa a condição de acolhimento, este confortante sentimento de ninho.  Sua estrutura robusta de tronco ereto e ramos potentes abrem uma ampla copa e ensejam este abraço imaginário, que nos aparta do mundo ao redor. Ela se fecha em nós, e cria um ambiente de natureza só nosso, impenetrável.  


No Jardim Botânico do Rio de Janeiro tem um exemplar extraordinário desta espécie Brownea grandiceps, originária da Amazônia, com um banco logo abaixo de sua copa - um convite para nos entregarmos a este aconchego. Como luzes que orientam este caminho, suas flores de um vermelho encarnado pendem de seus galhos, para que, comodamente, possamos lhes observar, sem pressa.




Fica aqui uma sugestão de passeio, neste jardim tão precioso de nossa cidade, para assim que a pandemia passar... 






sábado, 18 de abril de 2020

Flamejando a paisagem...


A espécie que destacamos neste post – Flamboianzinho - não é exatamente uma árvore. Ela entra na categoria do que, em paisagismo, chamamos de arvoreta. Em termos botânicos, a Caesalpinia pulcherrima,em sua nomeação científica, é considerada um arbusto.  Sua denominação popular denuncia a associação que é feita desta planta com outra - Delonix regia -, o verdadeiro Flamboiã, que, aliás, é a árvore que ilustra a página de nosso blog. A aproximação botânica entre as duas espécies é notada por fazerem parte da mesma família – Leguminosae-caesalpinioideae -, sendo que, originalmente, pertenciam também ao mesmo gênero – Poinciana. Atualmente, com suas classificações revistas, a relação entre as duas permanece na semelhança de suas flores, principalmente com relação ao formato de suas pétalas e à sua coloração, que pode ser vermelha ou amarela. Entretanto, o porte é uma grande diferença entre elas, para o que o nome popular também chama atenção, aplicando o diminutivo ao arbusto. O Flamboiã-de-jardim, como também é chamado, atinge de 3 a 4 metros de altura, enquanto o Flamboiã alcança de 10 e 12 metros.
Apesar de já terminado o verão, estação em que apresenta maior exuberância na floração, o Flamboianzinho permanece colorindo a paisagem carioca. As colorações quentes de suas flores, que fazem jus a sua nomenclatura popular, estão trazendo um belo diferencial para o outono da cidade.
Com relação ao seu uso paisagístico, com estrutura arbustiva, o Flamboianzinho tem ótima aplicação em cercas vivas. Já como arvoreta, o seu pequeno porte faz com que ele possa ser plantado em locais com pouco espaço, onde muitas vezes não seria possível dispor de uma árvore. Ele pode ser utilizado, por exemplo, em calçadas estreitas, onde normalmente não haveria área suficiente para uma caixa de árvore nas dimensões indicadas para a arborização, desde que seja selecionada uma muda com as características necessárias para tal, com a devida preparação em termos de poda para este uso.
As fotos apresentadas aqui são de exemplares localizados na Praça Nossa Senhora da Paz, no bairro de Ipanema. Suas flores têm estames longos que reforçam seu caráter delicado, como pode ser notado no detalhe. O exemplar de flores amarelas é a variedade Caesalpinia pulcherrima var. flava.