O post de retomada de nosso blog não poderia ter uma espécie mais representativa da paisagem brasileira do que esta. As árvores apresentadas são exemplares jovens de pau-brasil (Caesalpinia echinata), que, apesar de sua pouca idade, já exibem intensa floração. Numa pequena e pouco arborizada rua do bairro do Estácio, dois indivíduos de pau-brasil se destacam numa cena urbana de poucos atrativos.
O pau-brasil é uma espécie nativa da Mata Atlântica, que deu nome ao nosso país. Utilizada pelos índios como tintura para os corpos, foi explorada pelos portugueses quando aqui chegaram, identificando na sua abundância local e na substância colorante existente em sua lenha, uma oportunidade econômica. Além de símbolo do país, por carregar seu nome, o pau-brasil é um exemplo da sabedoria do povo nativo das terras brasileiras, aqui presente antes de sua “descoberta”, e da apropriação de seu conhecimento pelo colonizador, que lhe atribuiu, no entanto, caráter exploratório.
A pouca estatura das copas destes exemplares nos permite uma facilitada aproximação de suas lindas flores, que vemos em detalhe nas fotos. Além do tom avermelhado, responsável pela atribuição do seu nome que remete à brasa, seus troncos ainda exibem os tão característicos espinhos, que, nos exemplares adultos, costumam ser menos perceptíveis.
Aproveitamos
este post para realizar um protesto duplo. O primeiro deles é que esta bela
árvore da flora brasileira, símbolo potente de nosso país, seja mais
frequentemente plantada nas ruas e praças da cidade. E o outro se direciona à
necessidade de cuidado no plantio e planejamento da arborização urbana, fazendo
com que as árvores sejam dispostas em condição segura para o seu pleno e
saudável desenvolvimento.
Pela foto,
podemos antever o problema gerado pela improvisação da infraestrutura urbana, fato
não raro na cidade carioca. Sobre a tenra copa do pau-brasil, vê-se a fiação
aérea, que, num futuro bem próximo, assim que a árvore se desenvolver um pouco
mais, irá entrar em sério conflito com ela. O resultado deste embate, já
sabemos, é a desfiguração da árvore, que sofrerá podas drásticas,
descaracterizando-a num primeiro momento, evoluindo para a inviabilidade de sua
permanência, por falta de condições mínimas de espaço para sua sobrevivência. Por
outro lado, se a poda não for feita, implicará no risco de sérios acidentes. O gerenciamento,
portanto, para evitar estes conflitos, e a implementação de um plano de
arborização urbana, prevendo a sua compatibilização com outros elementos
urbanos, é medida fundamental e urgente em nossa cidade.
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